sexta-feira, 1 de maio de 2009

2004

Em 1 de Julho de 2004 as 19:04:58 em um blog antigo eu reescrevi de Medeiros

"Se tudo é para ontem, se a vida engata uma primeira e sai em disparada, se não há mais tempo para paradas estratégicas, caímos fatalmente no vício de querer que os amores sejam igualmente resolvidos, num átimo de segundo. Temos pressa para ouvir "eu te amo", não vemos a hora de que fiquem estabelecidas as regras de convívio: somos namorados, ficantes, casados, amantes? Urgência emocional. Uma cilada. Associamos diversas palavras ao amor: paixão, romance, sexo, adrenalina, palpitação. Esquecemos, no entanto, da palavra que viabiliza esse sentimento: paciência. Amor sem paciência não vinga. Amor não pode ser mastigado e engolido com emergência, com fome desesperada. É preciso degustar cada pedacinho do amor, no que ele tem de amargo e de saboroso, no que ele tem de duro e de macio, os nervos do amor, as gorduras do amor, as proteínas do amor, as propriedades todas que ele tem. É uma refeição que pode durar uma vida. Mas não. Temos urgência. Queremos a resposta do e-mail ainda hoje, queremos que o telefone toque sem parar, queremos que ele se apaixone assim que souber nosso nome, queremos que ela se renda logo após o primeiro beijo, e não toleraremos recusas, e não respeitaremos dúvidas, e não abriremos espaço na agenda para esperar. " Temos todo o tempo do mundo ", dizem uns; " não há tempo a perder " , dizem outros: a gente fica perdido no meio deste fogo cruzado, atingidos por informações várias, vivências diversas, parece que todos sabem mais do que nós, pobres de nós, que só queremos uma coisa nessa vida, ser amados. Podemos esperar por todo o resto: emprego, dinheiro, sucesso, mas não passaremos mais um dia sequer sozinhos. " Te adoro ", dizemos sei lá pra quem, para quem tiver ouvidos e souber responder " eu também ", que a gente está mais a fim de acreditar, do que de selecionar. Urgência emocional. Pronto-socorro do amor. Atiramos para todos os lados e somos baleados por qualquer um. E o coração leva um monte de pontos por causa dessa tragédia: pressa."

Entre outras coisas, e minha vida parece um circulo, tudo funciona da mesma forma, mas a diferença gritante é que antes eu queria amar de qualquer forma,sem medo de nada enquanto ja hoje isso é tudo o que eu nao preciso mais...Pois é...o que um sentimento na hora errada faz com a pessoa errada.

Enquanto eu ainda continuo errada...aff!

Um comentário:

  1. Texto maravilhoso! Me identifiquei. Me emocionei! A maioria de nós é assim mesmo. Nenhuma novidade nisso, mas no entanto, que verdade reveladora! Quanto à mim...sou culpada! Sou imediatista e quero o amor ontem...quero agora, não daqui a pouco, muito menos amanhã ou quando vier. Faço minhas as palavras de Drummond:

    Quero que todos os dias do ano todos os dias da vida de meia em meia hora de 5 em 5 minutos me digas: Eu te amo.
    Ouvindo-te dizer: Eu te amo,creio, no momento, que sou amado.No momento anterior e no seguinte,como sabê-lo?
    Quero que me repitas até a exaustão que me amas que me amas que me amas.
    Do contrário evapora-se a amação pois ao não dizer: Eu te amo,desmentes apagas teu amor por mim.
    Exijo de ti o perene comunicado.Não exijo senão isto,isto sempre, isto cada vez mais.
    Quero ser amado por e em tua palavra nem sei de outra maneira a não ser estade reconhecer o dom amoroso,a perfeita maneira de saber-se amado:amor na raiz da palavra e na sua emissão,amor saltando da língua nacional,amor feito som vibração espacial.
    No momento em que não me dizes:Eu te amo,inexoravelmente sei que deixaste de amar-me,que nunca me amastes antes.
    Se não me disseres urgente repetido Eu te amoamoamoamoamo,verdade fulminante que acabas de desentranhar,eu me precipito no caos,essa coleção de objetos de não-amor."

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